06 dezembro 2010

Caleidoscópio d´ouro


Algumas cores nem sempre conseguimos identificar. O arco-íris subitamente se desfaz no ar e as nuvens se juntam como quem esconde o pote de ouro. 

Quando você tem um pote desses com muitas pepitas, não é difícil as nuvens serem refletidas no pós-chuva. Desejadas. 

Se você quer o metal todo só para si, corre o risco de ficar sem arco-íris. Se apresentar o pote ao sol, também corre esse risco.

Sempre vai existir uma reação química, social, emocional em tamanho Único. Sempre vai existir a cauda longa. Em todo o tempo haver também um caleidoscópio a fragmentar as cores e reuni-las na outra ponta. Desde que você arrisque olhar.

Essa é a imagem da amizade, das redes de relacionamento e, por que não, do amor.


10 novembro 2010

Realidade


A realidade é um duro golpe. Porém, quando chega é capaz de trazer a tranquilidade do sono dos recém-nascidos.

Muita gente não se conforma com a realidade. Há os que inventaram a realidade aumentada. Os que conceberam a realidade paralela e, ainda, os que divergem e perguntam o que é o real.

De todos, invejo aqueles que vivem a realidade. Esses são portadores das notícias. Ainda sim vivem sem sofrer... No entanto, sofrem sem viver.

Se quem habituar-se à realidade sofre e quem não vive quer dar cabo à própria vida, melhor é arriscar. E se não der certo, tentar novamente.

12 setembro 2010

Quando não se consegue dormir

Que sentimento mais confuso
não me deixa entregue a Morpheu,
não me leva à Vênus.
Me sufoca como quebranto.

Parece feitiço bem feito,
amarrado em boca de sapo,
passa linha vermelha de trapo.
Amor de corpo ou de alma?

Falta de sentir o outro,
dor latejante no peito pior que o parto,
coração dilacerado por tanto sofrimento.

Se amar é assim quando se está longe,
prefiro me entregar ao descaso do acaso descompassado
de não sentir dor nenhuma.

22 agosto 2010

Impatiens, Chamomille, Lavander e Rock Rose


Tem algo que eu havia esquecido sobre o tempo. Quando saio do roteiro escrito para mim, os ossos tremem, as carnes chacoalham, os músculos se contraem em movimentos involuntários.
É como se abrisse o forno cedo demais e uma corrente de ar frio não deixasse a obra de cerâmica, no forno de barro, terminar seu processo corretamente.  Como se o modelo visse seu retrato antes do pintor terminar sua obra. Como se o escritor morresse antes de terminar sua biografia.
Nessas horas a impaciência bate à porta e o pânico vem à tona. A derradeira vontade de se aventurar e fazer o que parece ser, viver realmente, é confrontada com o terror de sair do prumo e não conseguir mais voltar. Ir ou vir?
No meio do caminho uma ansiedade paralisante observa incauta ao que há por vir. A jornada pode ser a chance. Tudo ficará de pernas para o ar, e isso será finalmente bom, ou é o caminho sem ponto de fuga?
Ficar e esquecer as derrapadas. Manter-se no storyboard parece deixar algum controle. E quem precisa de controle? Bem, eu preciso.

Goldfrapp - Caravan Girl from Mute Records on Vimeo.

21 agosto 2010

Livro pela metade

O ser humano tem dessas coisas curiosas. Acha que dinheiro pode trazer tudo. Depois descobri que a tal 'qualidade de vida' vale mais. Qual o problema em ganhar muito dinheiro tendo qualidade de vida?

Talvez a única coisa seja não pensar em ganhar muito dinheiro fazendo o que gosta. Reflexões depois de ver metade de Julie & Julia.

 Me sinto um tanto Julia sem fazer sem terminar várias das coisas que eu começo. Prefiro deixar o tempo se encarregara de terminar.

13 julho 2010

Respirar

Hoje o vento falou comigo enquanto soprava por entre as árvores. 




Passava tímido e movimentava as folhas verdes vivas deixando os raios de sol tocarem meu corpo.

Lágrimas escorreram como luz que caia dos olhos e iluminaram meu rosto.

Sei que minha respiração é de verdade... é meu coração que pulsa sangue e faz meu pulmão se contrair e expandir. Respirar. Re- expirar. Expulsar o ruim e inspirar o bom.

O sol vem falar a verdade. Sentir isso é meditar.

Para as estrelas, prometo cuidar de tudo. Sempre.

Pic: Copyright Todos os direitos reservados a Choi_zan

05 julho 2010

2-feira

Queria ser forte mais forte. Mas não sou. Ou talvez resida aí a minha força. Por dizer/ escrever isso agora.


Estou imensamente triste. Me apunhala abrir a caixa de e-mails e não ter mensagens. Me sufoca não não ver torpedo ou a imagem e música tema que destinei para aparecer e tocar em meu celular.

Me congela o coração e a alma. E meus dedos por consequencia evitam digistar um número de telefone para não perturbar. Já pedi muito. Mas estou cansado.

Os minutos que antes corriam rápido demais para a chegada.... agora se arrastam pq não vamos nos ver mais. Os dias frios que davam a saudade de um edredom, agora me isolam. As pessoas que por ventura olhem pra mim.... não me interessam. O trabalho, não me interessa. A pós, não me interessa. Eu não sabia. Mas era essa a minha inspiração.

Mas a cortina caiu. E você foi até a coxia me avisar, falando em tom austero e baixinho um segredo:

- Mágica não existe  caríssimo.... não fique triste. O que importa, é que o espetáculo foi aplaudido. Tentamos o melhor em cena. E o ato acabou.... você não precisa acreditar em mágica mais... a mágica só dura enquanto se está em cena.... atrás do palco, a pintura das paredes é falha, tudo é feio. E essa, é a realidade que te resta. Que resta a todos nós...


E eu que te quero tanto, sou agora cárcere da prisão perpétua que foi decidida

30 junho 2010

Soneto de união


Soneto de união

Hoje eu penso em você com calma;
Penso todos os dias, em doses homeopáticas e contínuas.
Doses equilibradas e equilibrantes;
Penso quando acordo, quando leio, quanto escuto, quando sinto.

Sinto você o tempo todo;
Sinto de verdade quando estou junto;
Sinto sua ausência quando estamos longe;
Sinto vontade de te ver, e rever, e rever...

Escrevo um soneto.
Sonetos são equilibrados;
Dois quartetos e dois tercetos.

Redijo nossa história com caneta de pena e botão digital.
Qualquer coisa que eu precise esperar,
Não me importa se for para respirar mais de você

R.L. (30/06/2010)

25 abril 2010

It´s all ´bout Love Or all ´bout ego?

A cultura pop diz “is all ´bout Love”. Mas o amor deixou de mover o mundo há muito tempo.

Espaçadas vezes o tal Amor volta a aparecer. Em uma catástrofe consumada, nas promessas de alguma filosofia religiosa, na miséria que está o mais distante possível – em outro país, continente ou ainda na esperança espetacularizada de algum show para arrecadar fundos para ajudar qualquer uma das anteriores- e viva a sociedade do espetáculo (Guy Debord que o diga).

Já arrecadar. Palavrinha curiosa. Remete aos tempos bíblicos do fisco malvado ou ainda dos tempos atuais e os tributos sorrateiros. E tudo vira comércio. Vira empresa. ‘É o econômico que determina o social e o político’. E seriam os relacionamentos diferentes? Ou seriam também esses arrecadações de fundos para o ego?

Sagitarianos não podem ter controle sobre toda a situação, pois se acomodam; geminianos juram não envolvimento para aí sim poderem se envolver; librianos têm a serenidade de deixar claro: “se não for você, será o próximo”...

O que é melhor para mim?
E para você?

O jogo do ‘eu não estou fazendo jogo’? A honestidade assustadora que faz o outro correr? O círculo nada virtuoso do quem muito apanha aprender a bater e depois esquece de como parar.

Algo me diz que o comedimento que angustia e depois premia tem parecido a melhor pedida. É o ligar sim. Mas sem insistir neuroticamente. Quem opta por nunca insistir acaba ficando com o mais fácil. Nunca estar disponível. Pois então, insista. E, se ao final, não der certo, não era pra ser e da próxima vez vamos nos angustiar menos.  Entenda como “ele apenas não está afim de você”.

Exista como alguém que se arrisca. Arrisque ser feliz. Caso alguém diga que felicidade não existe, invente a felicidade como Mark inventou a mentira no curioso “A Invenção da Mentira”.

Você consegue imaginar um mundo em que todo mundo fala a verdade? Isso mereceria um post inteiro sobre....



14 abril 2010

Dois


Podia ser poema,letra de canção, soneto, prosa ou verso.
Mas não. São dois espaços de texto divididos por uma linha só. Dois espaços de tempo, de dois iguais, diferentes pela forma que dividiram o seu próprio tempo.

Eu, moro no 2º andar. Ele, também.
A terapia é no 2º andar e, é na 2ª-feira o dia que temos mais tranqüilo para nos encontrar.

Dois, que serão para sempre dois. Mesmo quando são um, são verso e poema, são únicos e normais: UNI-verso
Que continue dois. Porque um, vezes um, continua um.
Já dois, vezes dois, multiplica, e viram quatro. Vira mais. E progride.

Dois é tato, paciência, companheirismo e multiplicação.
Dois, somos nós.

08 abril 2010

Moleskine

Curioso, comprei o livro com a receita da feliciade. 

FEDEX trocou e mandou Prozac no lugar. 

Aí comprei um moleskine, pena e nanquim pra inventar minha felicidade.... sabe como é escrever à pena.... não pode emprestar... ela pega seu jeito de escrever e só a gente mesmo consegue fazer o nanquim marcar o papel...

05 abril 2010

Sobre guarda-chuvas

Caminhos simplesmente existem. Não são desbravados. Alguns conseguem enxergar uma trilha em que ainda não existem pegadas e serem verdadeiros Casanovas que seduzirão e descartarão até o fim dos tempos. Limpam matas e resistem às alucinações do deserto até seu destino. São obstinados. Outros pegam trilhas prontas e aceitam os frágeis troféus por merecimento ao final do dia.

Existem ainda os que nasceram sem senso de direção aparente. Vivem. Pegam seu guarda-chuva e saem mar adentro correndo o risco de encontrar o caminho das Índias. Correm o risco de não achar a Índia mas, um novo mundo. E ainda assim, correm o risco de voltarem ao ponto de partida em seu velho mundo novo. Mesmo sabendo afinal que depois de ter viajado nada será igual no retorno.

Os que saem com objetivo, mas sem certeza de norte ou sul, sem roteiro ou rosa dos ventos, encontram em sua jornada outros iguais. Com ‘protetores-de-chuva diferentes’, mas com um interesse em comum.

O guarda-chuva mais extravagante chama atenção. Serve para ver de longe. O discreto e elegante preto de bolinhas brancas prêt-à-porter pede aproximação. O ordinário preto, tradicional, aceita o sim e o não. O vermelho desbotado esbanja uma sedução abarrotada que não convence aos olhos dos mais despertos.

São muitas opções pelo caminho. Inclusive a opção de não se aproximar de guarda-chuva algum. Seres humanos não nasceram para viverem isolados. É instinto de sobrevivência. É cada um ajudar o outro no que lhe falta e contribuir. Quando seu guarda-chuva quebra, aquele delicado e despretensioso prêt-à-porter guarda em si a possibilidade de continuar a jornada menos molhado e, com o aconchego da aproximação.

Então, é preciso não se perder. Quando a chuva pára, os guarda-chuvas são fechados e colocados juntos. Dando a falsa impressão de que qualquer um serve para a próxima jornada e sua eternidade aberta.

03 abril 2010

Participação I: Parte na Ação e nível de comprometimento

Está com preguiça? Leia só o negrito:

Não entendo o comportamento de alguém que dá sinais espasmódicos de interesse. Não é isso que eu quero. Quero sinais reais e contínuos. Quero um pouco de calma, de paz de espírito.


Ficar bem comigo mesmo. E quero alguém que tenha fala – ação - reação condizentes. Pode até ter um certo ‘delay’. Mas as ações têm que ser assim, condizentes.


Eu não me dedico pouco. Dedico-me de verdade. E o interesse romântico entra na minha lista de prioridades junto às demais prioridades.


Não o encaro como premiação para o fim do dia. Isso seria retroceder ao ser e ter uma mulherzinha em casa.


Minha intenção não é ser troféu por bom comportamento de alguém. Nem ser o príncipe encantado que parecia perdido no mundo descartável que engoliu os contos de fada.

Hoje o Príncipe (reparem que ele nunca tinha nome marcante) da Branca de Neve estaria subindo nas tranças da Rapunzel. E o Príncipe da Bela Adormecida estaria dando boa noite Cinderela para a Gata Borralheira enquanto o Sherek percebe que o fato do Bambi ser um veado não é impeditivo suficiente para não começarem um romance às escondidas da Fiona.

Sei que eu não quero ser Rei nem Rainha. Não quero ser vassalo nem sua prometida, filha do fiador das roupas do rei. Prometida acorrentada e abandonada enquanto o leal guerreiro defende um Rei que ninguém tem coragem de dizer que está nu e seu reinado está sendo invadido pelos bravos que fundam uma religião Anglicana porque, Henrique VIII cansou de Catarina de Aragão e sucumbiu aos encantos de Ana Bolena.

Não me interessa se Cleópatra, à espera de César e depois Marco Antonio cansou de enamorar-se com seu único alento- seu escaravelho - e acabou por colocar fim à própria vida.

Nem quero ser uma Simone de Beauvoir que se esforçava em não importar-se com a multi-ação de Sartre em defesa de um feminismo que, potencializada, gerou a masculinização da fêmea.

Quero ser um personagem-diretor que ainda não foi inventado. Talvez por isso tenho tido tanto trabalho na seleção dos papéis. Mais difícil do que lidar com escalação é a frustração ao perceber indícios e avisar, no meio do ensaio, que não vai dar certo:


- Obrigado pela parte em que você participou da ação.

Sinto muito não poder contar mais com sua participação.

Ou, ainda pior que isso é poder estar enganado sobre suas próprias percepções e descobrir que Fred Astaire sabia sim dançar, que ser ligeiramente calvo e a impressão de que não sabia interpretar estavam erradas.

25 março 2010

Pornografia ou Romance?


Duas músicas têm saltado aos olhos nos últimos dias para mim. Diante de montanha russa de sucessos e entraves: Heavy Cross e Papa Can You Hear Me & A Piece Of Sky.
Heavy Cross- que tem na vocalista Beth Ditto um dos maiores ícones da geração ‘espaço para todos’. Lésbica e obesa são dois dos rótulos que fogem ao estereótipo ‘perdoável’ de loirinha virgem (Srta. Spears), rica obsessiva no melhor estilo de algum romance de Lollita Pille (srta. Hilton) ou ainda a potente Winehouse. Isso sem falar nas surras que Whitney e muitas outras levaram.
Beth não. Beth, além de cancelar seu show no Brasil, por ter terminado um relacionamento de 8 anos com sua última companheira, ainda encara a forte letra de Heavy Cross com a mais dura realidade. O mundo é cruel sim. É natural, é da natureza. Agressividade está em todo lugar e não é necessariamente ruim. Alimentar-se é um ato extremamente agressivo. Imaginem nossos caninos, molares e pré-molares destroçando um tenro bife mal-passado.  
E toda agressividade é ruim? Claro que não. O ser humano é assim. Está ora está mais sensível, ora menos. E isso vai balizar até que ponto sua agressividade chega. Como vivemos em sociedade, o bom é que um dos lados consiga respeitar o momento do outro. Quando esse limite é extrapolado dão-se as discussões, desentendimentos, guerras egóicas. E aí tem-se coisas maiores a se pensar. Perdas que podem ser irreparáveis. A única certeza da vida.
Essa é a cruz pesada que a srta Ditto tem falado. Do mesmo jeito que diz que podemos fazer nossas escolhas. E que as escolhas são feitas sempre entre dois. No fim, as sombras de Beth podem falar mais alto ao ouvir sua canção. A crueldade do mundo pode doer muito. E ninguém é obrigado a compreender ninguém. Aí, é melhor recorrer à doce, mas não estúpida, interpretação da Lara Fabian. O limite entre o romance e a pornografia está nos olhos de quem lê naquele momento.
Papa Can You Hear Me & A Piece Of Sky- os fanáticos por Barbra Straisend que me desculpem, mas me refiro à interpretação da Lara Fabian no show, Un Regard Neuf Live no Zenith – Paris.
A interpretação faz a diferença para mim aqui. Lara conversa com Deus em “papa can you hear me”. É uma oração. Uma prece. Um pedido de ajuda. Então, emenda ‘A piece of Sky”. Que é o abrir os olhos para o inesperado. O imponderável, de Anaximenes e de Lavoisier.
É perceber que da nossa janela só vemos uma pedaço do mundo. Que para ir além é preciso saltar através dela. E voltamos à Beth. “So, choose”. Você tem coragem de saltar?


18 fevereiro 2010

O fim do Carnaval 2010 e a chance de inícios de relacionamentos - floKriEanoGpHóBlis


Os posts sobre relacionamentos não têm fim. E lá vou eu depois de uma temporada relâmpago em Florianópolis. O sul do país continua lindo. Ainda mais na praia certa, com as pessoas certas e no clima certo.
Então, entre uma página e outra de Alice no País das Maravilhas (na versão com ilustrações de cartas de baralho do Luiz Zerbeni) me peguei lendo a seguinte frase: “Bem, talvez a sua maneira de sentir as coisas seja diferente- disse Alice. O que eu sei é que tudo isso ia parecer muitos esquisito para mim”.
Fechei o livro e uma frase martelou por minutos a fio. Talvez eu sinta as coisas de um jeito diferente. E talvez seja diferente de todo mundo aqui. E talvez todo mundo aqui seja diferente.
Mais tarde, durante uma festa imensa em um hotel grande, com direito a lagoa, música, dançar no queijo, gente despida... vi que os outros ali não eram tão diferentes assim entre si. Mais uma vez aconteceu. Lá estavam todas as letras do alfabeto drogadito. “E”, “K”, “GHB”.... e as perguntas que ouvíamos na turma eram “Nossa como vocês são animados! Onde conseguiram comprar Crystal?”
- Oi? Moço, isso aqui é vodka, o dela ali é água sem gás purinha, o do outro é energético e pra gente isso apenas tá ótimo!!!! Mas se você ficar quietinho sem se drogar pode ficar conosco.
E aí me perguntei: - “Como pode alguém tomar solvente para engrenagens industriais como droga para curtir a balada????”. Claro que o pensamento passou rápido. Afinal, a noite era curta e o carnaval estava acabando. E com o final do Carnaval as pessoas voltam a se abrir para relacionamentos...

Hoje, a dúvida voltou a bater.... “como pode Alice?”

10 fevereiro 2010

Sarna para se coçar


No post anterior alguma coisa ficou latente quando pensei em "sarna para se coçar". Diria um amigo para eu aproveitar a solteirice. Outro, o melhor amigo, diria que entende perfeitamente essa relação de ser uma pessoa par. Afinal ele também é. Daí a obviedade deste sim, ser o melhor amigo.

E essa tola busca de não ser mais uma pessoa ímpar continua. Uma primeira tentativa na noite que prometia e teria que cumprir. - Brasília? “Longe demais”. “Vou pegar uma bebida e já volto”. Então mais uma tentativa: “Campinas, mas venho sempre para SP. Espero mudar de vez logo pra cá”. Pensei – Hum... aí tem... rolou interesse. Será?

E como é que se flerta mesmo? O approach foi ótimo. Mas e o amanhã? Aí o tal amigo que diz para viver a solteirice também fala no post dele pra dar um tempo com o carpe diem. Dá pra ser mais claro??

Bem, o amanhã rende alguns frutos rançosos ainda. O depois de amanhã ... aí.. já começa a coçar. - Será sarna?

Terapeutas juram que devemos tentar – “Vale à pena experimentar.... vai lá... vê como é...nos vemos na próxima consulta”.

Agora já não é mais fase de voluntariado. É síndrome de Bad Romance. E você lê isso e jura que não sofre do mal Lady Gaga?

Faz-me-rir! Todo mundo procurando um ‘criminoso’ para estar. Esqueçam os projetos sociais. Filiem-se ao único amor puro. O que vem da escuridão transformadora. Jung deve estar vibrando.

E se alguém disser que isso é bobagem, que ainda existem os bonzinhos... dou-lhe um passa fora! Os últimos bonzinhos compraram a fantasia de pele de cordeiro no mercadolivre.com por uma pechincha.

23 janeiro 2010

Bleeding Heart


Esses têm sido dias corridos. Ainda mais depois do fim de um relacionamento ‘amoroso’ e a batalha travada para entender os motivos de não ter dado certo.

O mundo não parou de rodar e sobrou pouco tempo para pensar no processo de rompimento deflagrado em 25 de dezembro. Dia de um dos últimos posts.

Muita reflexão, papo com amigos, terapia, livros, álcool, dolce far niente e, eis que, o principal incômodo foi encontrado. A velha e não boa culpa cristã.

Por mais reducionista que possa parecer, um relacionamento em que as pessoas se gostam, têm afinidade sexual e convivem com outras pessoas não basta para perdurar pelo mais duradouro dos tempos das fábulas.

Nos amores duradouros muitas vezes é preciso o tal dos ‘sininhos tocarem iniciais’ ou mesmo mais proximidade de mundos. Quando isso não acontece e mesmo assim insistimos no eu não estou fazendo nada nem você também, passado algum tempo devemos ser honestos acima de tudo com nós mesmos e fazer o gostar d´outro prevalecer, mesmo que separados. Aí vira respeito, admiração pelo outro e busca pelo bem estar. Ainda sim nos casos onde a situação é confortável para aquele que ama menos, uma hora a compreensão do outro se esvai. Afinal, isso aqui não é mais a década de 20. O outro começa a bancar ‘a xiliquenta’ e ter ataques de pelanca por qualquer tampa de privada respingada.

A caminho da superação desse, que é o maior dos segredos, a culpa por não entender porque quando um ama, o outro não ama em igual medida, as coisas continuam a acontecer ao redor de nosso asseados umbigos. Mais pessoas aparecem no mundo e continuamos procurando sarna para nos coçarmos.

Quando menos nos damos conta estamos mais uma vez correndo atrás de alguém completamente diferente de nós mesmos para, quem sabe assim, encontrar mais um pouco da tola culpa cristã e então exercitar namoros que mais parecem voluntariado para algum projeto social.