19 junho 2006

Ilhas Caribenhas



Algumas coisas simplesmente acontecem. Uma pessoa nova que surge. Duas callas unidas por um rústico fio são entregues na noite seguinte. Um mimo esverdeado. Duas callas esverdeadas quase brancas. Mas nada de ceder por enquanto. E na noite seguinte. Sem callas brancas, sem trilha sonora de Dussek um quarto espelhado e a sensação de ser uma ave em um ninho que não me pertence, mas que não pertence a ninguém.

Há tempos sem saber que voô o pássaro faz, que ráfia une as duas callas, que callas, que nada. E foi-se! Lembrar é fácil, e mesmo assim não foi bom nem ruim. É isso o que eu quero? Voltar a ser assim? Ou não pode comparar de fato o que duas pessoas mostram que são... Inseguros mesmo aos trinta. Callas, Caribe, Chocolat Du Jour, patada, Fiat, dote... e outros tantos diferentes, nem tão esverdeados, algumas duras sensações de mimos futuros, de custos, de lei de retorno, de inseguranças aos vinte e poucos anos... e inseguranças aos trinta e poucos... de tão iguais ... de tão entregues e tão ressabiados.

As callas já estão abertas. O tempo dura o tempo que as callas esverdeas e brancas abertas durarem. E aí é hora de ponderar... sem espelhos... sem callas... sem Vitos ou san Vitos, só eu e minha eternidade aberta.

26 abril 2006

bureau


acho que ontem mesmo eu tava pensando que se as pessoas se tocassem como é a vida.. e que ela acaba e não tem sentido... acabariam se matando.... a grande maioria....

17 abril 2006

Colo de Samantha


Abaixo do céu todo mundo é sujeito. Nessas horas não há um pessoa bem resolvida. Escrever sobre a falta de colo em um episódio terrível como esse.

Poucos conseguem recordar - depois de ter passado – de um absurdo e desesperador acesso de DOR DE DENTE.

- Ou no meu caso, pior: dor de DENTES! São todos eles a doer de uma só vez.

Voltei da Páscoa pensando que tinha que ir ao dentista. Fazia tempo que não ia. Que dentes como os meus- pequenininhos e separados- podem passar despercebidos, mas quando dão sinal de vida é por necessidade mesmo. Logo na segunda de manhã marquei a consulta para o dia seguinte. E como sem avisar o bruxismo gritou e no fim do dia todos os dentes doíam. E agora doem.

- AHHHH!!! A dor se torna mais dor quando não se tem um colo por perto baixar a cabeça e agonizar, e receber afagos que sequer percebemos de tão imersos nesse sofrimento, e lembrar que alguém se importa.

Aí você lembra daquele antigo romance, o antigo namoro que nessas horas não parece tão complicado. E você deixou passar, e terminou por bobagens. E agora, no meio da sua dor de dente alguém podia estar segurando sua mão. Esse alguém poderia estar dando remédio. Poderia te levar a um dentista 24 horas.

- Aqui perto de casa tem um desses. E eis que..

Wow! O que uma outra mão pode fazer que nós mesmo não podemos?! Essa mania de nos deixarmos vulneráveis a nós mesmos. Para que isso? Talvez por compaixão, para o outro se sentir útil. Ou quem sabe por sem vergonhice nossa mesmo!

E então você consegue tirar o véu dos olhos – se quiser é claro- e lembra que por vezes sofreu calado por não darem valor ao que você gritava. Outra vez porque essa outra pessoa não podia – e por uma boa razão - te acudir justo naquela hora. E até mesmo por não querer mesmo te ajudar.

E como você saiu disso, antes de lançar na cara do outro que não foi ajudado “quando tanto precisava”?

- Lanço mão de um Anador. E a dor não passa. Ah Senhor Desespero.
Mais um.... meia hora depois.... ceda vai... ceda só mais um pouquinho que amanhã às 9 tem dentista.

10 março 2006

Paige


"no amor não existem inocentes, apenas vítimas"

03 fevereiro 2006

Moonlight


What About The Moonlight

You 're telling me
You don't want to be
Had enough of life
I see your shoulders
Falling at the mountain
You once loved to climb

Don't you wanna talk about it
Well saying that there's no life
Left inside you

Chorus:

What about your loves?
What about your dreams?
What about the change tomorrow brings?
What about the moonlight?
What about the way you sigh?
When it touches you?

On your knees in the teeth of failure
It's got you gagged and bond
You say it's killing you
But listen now I'm telling you
Your better days are to come

Set your site on simple beauty
Like the way that my eyes shine
When I'm around you

(chorus)

Nobody said it would be easy
To take the fall and stand
Just wrap your arms tight around me
And we'll stumble together
Until we learn to dance

What about your love
What about your dreams
What about your life?
What about your dreams

02 fevereiro 2006

Tratado sobre a Morte


Ontem o dia foi difícil.

Não passou não. Eu continuo com meu pensamento lúcido de que a vida tem que ser uma escolha. Eu não sou obrigado a viver. E aí entra em jogo algo que eu encaro que seja meu tratado sobre a morte. Funcionaria assim: o Budismo prega o desapego. E eu aceito que isso seja um caminho para o não sofrimento. Então se um dia você está certo que a vida não vale. Que não te vale. Você entra em uma pequena cabine telefônica. Coloca uma moedinha. Escreve, ou fala suas senhas de banco para o pessoal da funerária e ativa a máquina. Aí você sente um cheiro de flor. Vai ficando calmo. Até que dorme para todo o sempre. Se no meio do caminho você se arrepender, é só gritar, ou apertar o botão vermelho e tudo pára. Senão continua como tem que ser e você morre.

E é isso que eu tenho desejado com todas as minhas forças.

Como o Ramon, quero ter o direito.

31 janeiro 2006

La notte



La Notte Etterna
Emma Shapplin

Nos teus braços
Depositei a eternidade
Minha vida

Você em outro mundo
Sonha com outra chama

Mas não sei a quem pertenço
Na margem morta
Do meu estado infeliz
Estado infeliz

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Como quem tanto olha
A noite eterna
Salve-me

O que
Sabe de lá?
Perdida, febril
Desejada

Onde...
Onde você está?
Exila tua presa
E espera

Mas não sei a quem pertenço
Na margem morta
Do meu estado infeliz
Estado infeliz

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Como quem tanto olha
A noite eterna
Salve-me

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Divago, divago...
Salve-me

30 janeiro 2006

e-mail, e-deixe se morrer


Morri um pouco esse final de semana. Experimentei coisas que me dariam asco noutros dias. E mesmo assim aqui estou. Mentamente abalado e deixando-se sobreviver. E pedindo perdão a você por te deixar morrer também um pouco.


Nesse algum tempo me incomoda o fato de deixar que as cousas sejam assim. Ou tenham sido assim. Que me importa o passado ou o futuro? Me incomoda o presente. O agora assim, instável e não como deveria ser.

Eu, não posso fugir tanto da realidade concreta das coisas. Você também não pode. Devemos nos fixar em alguma equalização surda, e deixar-se viver.

Hummm, tem um tom perdido, nostálgico, triste e quem sabe até depressivo nesse e-mail de hoje. Mas eu só quero que hoje... o dia termine bem

bjs de alguém que não relê e-mails aos amigos

16 janeiro 2006

Coca Tea

Um velho decrépito e desnudo em seu retângulo frio coberto até o começo do pescoço por apenas um cobertor verde e surrado. Sua coroa era um resto de cabelo fino branco que corria do fim da testa até perto da nuca. Rosto marcado por grandes vergões rubros e um olhar fixo. Parado. Era como se sua alma não estivesse mais por ali.

E subia aquela vontade de deixar duas gotas opacas pela face.

O velho, a neta atrás. Ela não parecia querer que ele fosse. Segurava com força um caderno onde dizia ao médico energeticamente: “Ele tomou dois comprimidos. Não surtiram efeito dessa vez... Acho que se tentássemos...” E sumiam pelo corredor. A neta, o médico e o velho. Diziam que ele estava por ali. Não estava.

Cheguei em casa. Entrei no orkut e me ‘filiei’ à comunidade SIM, A EUTANÁSIA. Como se o orkut concretizasse o meu desejo de não chegar àquele estado.

RL

Pic stoled from deviant

04 janeiro 2006

Pavilhão 06

Meu frio espaço branco peço alguns poucos minutos amarrotados do seu relógio romano.

Neste algum tempo compartilho minha alusão ao veneno escorrido que não foi expulso por inteiro.



Todas as noites ao deitar no meu retângulo macio, antes de dormir penso que alguém existiu. Lançou em mim sua traiçoeira ratoeira armadilhada.

Tornou nascido para mim por ter eu desejado daquele jeito. Sem saber pedir o palatável fecundei o doce enjoativo apodrecido do meu tempo de menino.

Alimento decrépito decompôs no esôfago sem que consiga sequer um único dia passar sem irromper a lembrança saudosa e esquecida n´aquilo que me embriagou vicioso.

Dizem o tempo do apaixonar-se ser o mesmo para o desenamorar. Acredito que o tempo corra faceiro para o passado desmanchar no ar. E corre presente afobado. Sem espaço vazio a mudar.

Aí desmanche tinta. Líquido escuro e viscoso biliático. Humor negro. Morto amor.

E manche, tinja-me a alma. E me deixe... com meus pavilhões vazios e meus exércitos mortos...

[e me esqueça.


RL