31 janeiro 2006

La notte



La Notte Etterna
Emma Shapplin

Nos teus braços
Depositei a eternidade
Minha vida

Você em outro mundo
Sonha com outra chama

Mas não sei a quem pertenço
Na margem morta
Do meu estado infeliz
Estado infeliz

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Como quem tanto olha
A noite eterna
Salve-me

O que
Sabe de lá?
Perdida, febril
Desejada

Onde...
Onde você está?
Exila tua presa
E espera

Mas não sei a quem pertenço
Na margem morta
Do meu estado infeliz
Estado infeliz

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Como quem tanto olha
A noite eterna
Salve-me

Quem não mais vê o céu
Tem um coração tenebroso
Divago, divago...
Salve-me

30 janeiro 2006

e-mail, e-deixe se morrer


Morri um pouco esse final de semana. Experimentei coisas que me dariam asco noutros dias. E mesmo assim aqui estou. Mentamente abalado e deixando-se sobreviver. E pedindo perdão a você por te deixar morrer também um pouco.


Nesse algum tempo me incomoda o fato de deixar que as cousas sejam assim. Ou tenham sido assim. Que me importa o passado ou o futuro? Me incomoda o presente. O agora assim, instável e não como deveria ser.

Eu, não posso fugir tanto da realidade concreta das coisas. Você também não pode. Devemos nos fixar em alguma equalização surda, e deixar-se viver.

Hummm, tem um tom perdido, nostálgico, triste e quem sabe até depressivo nesse e-mail de hoje. Mas eu só quero que hoje... o dia termine bem

bjs de alguém que não relê e-mails aos amigos

16 janeiro 2006

Coca Tea

Um velho decrépito e desnudo em seu retângulo frio coberto até o começo do pescoço por apenas um cobertor verde e surrado. Sua coroa era um resto de cabelo fino branco que corria do fim da testa até perto da nuca. Rosto marcado por grandes vergões rubros e um olhar fixo. Parado. Era como se sua alma não estivesse mais por ali.

E subia aquela vontade de deixar duas gotas opacas pela face.

O velho, a neta atrás. Ela não parecia querer que ele fosse. Segurava com força um caderno onde dizia ao médico energeticamente: “Ele tomou dois comprimidos. Não surtiram efeito dessa vez... Acho que se tentássemos...” E sumiam pelo corredor. A neta, o médico e o velho. Diziam que ele estava por ali. Não estava.

Cheguei em casa. Entrei no orkut e me ‘filiei’ à comunidade SIM, A EUTANÁSIA. Como se o orkut concretizasse o meu desejo de não chegar àquele estado.

RL

Pic stoled from deviant

04 janeiro 2006

Pavilhão 06

Meu frio espaço branco peço alguns poucos minutos amarrotados do seu relógio romano.

Neste algum tempo compartilho minha alusão ao veneno escorrido que não foi expulso por inteiro.



Todas as noites ao deitar no meu retângulo macio, antes de dormir penso que alguém existiu. Lançou em mim sua traiçoeira ratoeira armadilhada.

Tornou nascido para mim por ter eu desejado daquele jeito. Sem saber pedir o palatável fecundei o doce enjoativo apodrecido do meu tempo de menino.

Alimento decrépito decompôs no esôfago sem que consiga sequer um único dia passar sem irromper a lembrança saudosa e esquecida n´aquilo que me embriagou vicioso.

Dizem o tempo do apaixonar-se ser o mesmo para o desenamorar. Acredito que o tempo corra faceiro para o passado desmanchar no ar. E corre presente afobado. Sem espaço vazio a mudar.

Aí desmanche tinta. Líquido escuro e viscoso biliático. Humor negro. Morto amor.

E manche, tinja-me a alma. E me deixe... com meus pavilhões vazios e meus exércitos mortos...

[e me esqueça.


RL