10 setembro 2011

Loniness X Aloneniness (Isolado ou Sozinho)



Querer ficar sozinho tem sempre um tom de pesar? Nunca entendi alguém que sofre querer ficar só.

Tenho uma amiga que vira e mexe diz, em pleno sábado, que quer ficar bem, em casa, de pantufas, assistindo Zorra Total na TV. (assim mesmo, cheio de vírgulas). Um dos poucos momentos que a vejo respirando. Sempre encarei essa frase com certa tristeza. Como se ela quisesse dizer “Socorro, estou sozinha, me ajude!”.

Muito tempo passou desde a primeira vez que me disseram sobre a importância de ficar sozinho e, parece que continuo com dificuldades para colocar esse conceito em prática. Sempre achei um despautério quando ouvia pessoas dizerem “Preciso ficar só...”.

Como assim preciso? Pra mim estamos sozinhos o tempo todo. O correto seria dizer “Preciso de Companhia”.

O fato é que no nosso cenário, levamos tão a sério a coisa do coletivo para poder sobreviver que deixamos de ser singular para poder transcender. É meio psicanalítico sabe? Quando estamos sozinhos passamos a enxergar o outro e aí podemos ser mais de nós mesmos e deixar o outro ser mais dele.
Só ficando um tempo sozinho é que dá para entender que ficar em casa sábado a noite não é algo penoso ou triste, é algo como não sucumbir ao coletivo no dia e horário símbolos máximo do agrupar-se. Aquela minha amiga bonita, alto-astral, inteligente, que nada tinha a ver com uma pessoa sem amigos talvez nem soubesse o quanto estava me ensinando.

A atriz da novela da novela das 8 de vinheta brega, tinha algo a dizer também com seu bordão. Apesar da voz rouca infantil e quase mimada, mostrava que realmente queria ficar com seus botões ao invés de flanar com as amiguinhas ou torrar o cartão de crédito do pai com a mãe para esquecer dores de amor.

O melhor de ficar sozinho é ficar por opção. Não o tempo todo. Contudo, quando escolher ficar sozinho, poder lembrar que tem amigos que se importam e que amanhã pode procura-los. Se estiverem ocupados, tudo bem... dá pra ficar bem sozinho por hoje. 

04 setembro 2011

Meia vida


Como é voltar a não dividir a vida?

Não é preciso muito tempo para nos acostumar à presença de alguém que tivemos convivência doméstica. Cinco meses foram o suficiente. Acredito que a duração dos  relacionamentos deve ser contada em anos. O resto é carência ou experimento.

Sempre insisti em dar certo. De uns tempos para cá parei com isso. Diminui de três anos para dois, outro de dois e meio e um último de dois. Os dois últimos nove meses e cinco meses respectivamente. Cada um com uma particularidade. Confesso que resultaram em amadurecimento. Tanto para buscar histórias melhores quanto para não machucar pessoas.

Quanto mais querida uma pessoa, menor a vontade de machucar. Terminando ou terminado, o fim é sempre difícil. Como lidar com o vazio?

Quando temos alguém, pensamos nossa agenda baseado em mais uma opinião além da nossa. Outra vontade, outros desejos, compartilhados ou não, buscamos equalizar as decisões.

Já sozinho, as decisões são exclusivamente nossas. É o que nós queremos, quando queremos e como queremos. No começo isso parece inadequado e até errado. Como posso eu sair à noite sem pedir autorização ou avisar outra pessoa? Como posso não ter alguém a quem me dirigir?

Acostumar-se à liberdade é penoso. Imploramos quase que de joelhos para sermos controlados. O tempo todo. A decisão é sempre nossa. Difícil é decidir por ser livre.