16 janeiro 2012

Zelig Wood e o fim da Lâmpada Mágica

Tenho andado por atalhos há um bom tempo.

O corpo que tive não era meu.

Os jogos de dados mallarmaicos estão deixando de ser um lance de sorte.

Dos três pedidos ao gênio da lâmpada, já usei dois.

As passagens secretas estão se desmontando depois de serem usadas. E as palavras mágicas estão em outras línguas.

Beirando os 30, me dei conta que tudo isso só foi possível por um terço de vida (afinal quem dúvida que possamos chegar aos 90?). Então, o corpo não responde mais com tanta pressa; o cérebro dá sinais de cansaço e não suporta mais a caótica metrópole sem ao menos dar sinais de estafa.

Caminhar até Ítaca por trilhas curtas só dá certo por um período. Ao menos os ciclopes também já estão hipermetropes. Explico: a partir de agora não existirão mais tantas fórmulas milagrosas para conseguir o que se quer sem que haja esforço, foco e perseverança. Os acertos que não precisaram ser rascunhados, agora, requerem folhas e mais folhas de papel amassado até chegar à versão final.

Escrever uma grande obra de cá adiante exigirá muito rascunho.

Não há mais tempo para se vestir de Leonard Zelig e agir como camaleão para aprovação alheia.

Então, é tempo de planejar, pensar antes de falar e, só então arriscar. Ainda assim com grandes chances de errar. E errar feio!
Pra recomeçar vai ser proibido comparar com os tempos de atalhos.

Para o próximo terço de vida sugiro que guardemos um dos pedidos ao gênio... um pedido por amor.