02 fevereiro 2006

Tratado sobre a Morte


Ontem o dia foi difícil.

Não passou não. Eu continuo com meu pensamento lúcido de que a vida tem que ser uma escolha. Eu não sou obrigado a viver. E aí entra em jogo algo que eu encaro que seja meu tratado sobre a morte. Funcionaria assim: o Budismo prega o desapego. E eu aceito que isso seja um caminho para o não sofrimento. Então se um dia você está certo que a vida não vale. Que não te vale. Você entra em uma pequena cabine telefônica. Coloca uma moedinha. Escreve, ou fala suas senhas de banco para o pessoal da funerária e ativa a máquina. Aí você sente um cheiro de flor. Vai ficando calmo. Até que dorme para todo o sempre. Se no meio do caminho você se arrepender, é só gritar, ou apertar o botão vermelho e tudo pára. Senão continua como tem que ser e você morre.

E é isso que eu tenho desejado com todas as minhas forças.

Como o Ramon, quero ter o direito.

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