03 abril 2010

Participação I: Parte na Ação e nível de comprometimento

Está com preguiça? Leia só o negrito:

Não entendo o comportamento de alguém que dá sinais espasmódicos de interesse. Não é isso que eu quero. Quero sinais reais e contínuos. Quero um pouco de calma, de paz de espírito.


Ficar bem comigo mesmo. E quero alguém que tenha fala – ação - reação condizentes. Pode até ter um certo ‘delay’. Mas as ações têm que ser assim, condizentes.


Eu não me dedico pouco. Dedico-me de verdade. E o interesse romântico entra na minha lista de prioridades junto às demais prioridades.


Não o encaro como premiação para o fim do dia. Isso seria retroceder ao ser e ter uma mulherzinha em casa.


Minha intenção não é ser troféu por bom comportamento de alguém. Nem ser o príncipe encantado que parecia perdido no mundo descartável que engoliu os contos de fada.

Hoje o Príncipe (reparem que ele nunca tinha nome marcante) da Branca de Neve estaria subindo nas tranças da Rapunzel. E o Príncipe da Bela Adormecida estaria dando boa noite Cinderela para a Gata Borralheira enquanto o Sherek percebe que o fato do Bambi ser um veado não é impeditivo suficiente para não começarem um romance às escondidas da Fiona.

Sei que eu não quero ser Rei nem Rainha. Não quero ser vassalo nem sua prometida, filha do fiador das roupas do rei. Prometida acorrentada e abandonada enquanto o leal guerreiro defende um Rei que ninguém tem coragem de dizer que está nu e seu reinado está sendo invadido pelos bravos que fundam uma religião Anglicana porque, Henrique VIII cansou de Catarina de Aragão e sucumbiu aos encantos de Ana Bolena.

Não me interessa se Cleópatra, à espera de César e depois Marco Antonio cansou de enamorar-se com seu único alento- seu escaravelho - e acabou por colocar fim à própria vida.

Nem quero ser uma Simone de Beauvoir que se esforçava em não importar-se com a multi-ação de Sartre em defesa de um feminismo que, potencializada, gerou a masculinização da fêmea.

Quero ser um personagem-diretor que ainda não foi inventado. Talvez por isso tenho tido tanto trabalho na seleção dos papéis. Mais difícil do que lidar com escalação é a frustração ao perceber indícios e avisar, no meio do ensaio, que não vai dar certo:


- Obrigado pela parte em que você participou da ação.

Sinto muito não poder contar mais com sua participação.

Ou, ainda pior que isso é poder estar enganado sobre suas próprias percepções e descobrir que Fred Astaire sabia sim dançar, que ser ligeiramente calvo e a impressão de que não sabia interpretar estavam erradas.

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