Caminhos simplesmente existem. Não são desbravados. Alguns conseguem enxergar uma trilha em que ainda não existem pegadas e serem verdadeiros Casanovas que seduzirão e descartarão até o fim dos tempos. Limpam matas e resistem às alucinações do deserto até seu destino. São obstinados. Outros pegam trilhas prontas e aceitam os frágeis troféus por merecimento ao final do dia.
Existem ainda os que nasceram sem senso de direção aparente. Vivem. Pegam seu guarda-chuva e saem mar adentro correndo o risco de encontrar o caminho das Índias. Correm o risco de não achar a Índia mas, um novo mundo. E ainda assim, correm o risco de voltarem ao ponto de partida em seu velho mundo novo. Mesmo sabendo afinal que depois de ter viajado nada será igual no retorno.
Os que saem com objetivo, mas sem certeza de norte ou sul, sem roteiro ou rosa dos ventos, encontram em sua jornada outros iguais. Com ‘protetores-de-chuva diferentes’, mas com um interesse em comum.
O guarda-chuva mais extravagante chama atenção. Serve para ver de longe. O discreto e elegante preto de bolinhas brancas prêt-à-porter pede aproximação. O ordinário preto, tradicional, aceita o sim e o não. O vermelho desbotado esbanja uma sedução abarrotada que não convence aos olhos dos mais despertos.
São muitas opções pelo caminho. Inclusive a opção de não se aproximar de guarda-chuva algum. Seres humanos não nasceram para viverem isolados. É instinto de sobrevivência. É cada um ajudar o outro no que lhe falta e contribuir. Quando seu guarda-chuva quebra, aquele delicado e despretensioso prêt-à-porter guarda em si a possibilidade de continuar a jornada menos molhado e, com o aconchego da aproximação.
Então, é preciso não se perder. Quando a chuva pára, os guarda-chuvas são fechados e colocados juntos. Dando a falsa impressão de que qualquer um serve para a próxima jornada e sua eternidade aberta.
Um comentário:
A interessante gama de opções me deixou sem saber qual escolher, embora eu tenha traçado alguns paralelos sobre tipos de guarda-chuvas e pessoas que conheço.
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