...e entender que Morholt sempre cobra o tributo de Tristão na
ponta da espada
“O farther, farther, farther sail!"- Walt Whitman, Passage to India.
Uma vez ouvi que nossos parceiros afetivos não são nada mais
que um empréstimo do universo na nossa evolução. Que só por meio do outro é que
somos capazes de nos enxergar. Isso derrubou por terra a minha ideia romântica
de que existia um par perfeito. Refutei essa afirmação por algum tempo.
Algumas luas e sóis depois,
e algumas farpas pequenas fincadas entre os dedos também, percebi que isso tudo é verdade. Nunca se trata do outro. Trata-se apenas de
nós mesmos.
Nossos medos,
inseguranças, desejos e rancores.
Quando uma pessoa diz que te ama, ela só diz porque é você que está ali naquele
momento. Por uma seleção do destino, dos
humores e até mesmo dos hormônios e pulsões de vida ou de morte, você foi o
escolhido. Mas as prováveis mesmas palavras seriam ditas se não fosse você. Se
fosse outra pessoa. Isso porque o objeto de amor, em geral, é o próprio emissor
daquele sentimento. Sobre como a própria pessoa vai se sentir bem e não o
objeto em si. E o mesmo se aplica ao outro lado.
Algumas pessoas têm a sorte de encontrar pares que não
aceitam o que aparecer sem filtro. Mas não se iluda amigo. Mais uma vez não se
trata de VOCÊ ser especial. O outro vê tantos especiais que você é apenas o rio
que corre agora. Ainda sim, o objeto de amor receberia atenção como qualquer
outro. Mais uma vez, não que você ou eu sejamos especiais aos olhos do outro.
Apenas somos, naquele momento, inspiradores da canalização daquele desejo.
Posto isso, consigo chegar à conclusão, pela primeira vez em
meia vida - e, por mais piegas e triste que seja- devemos ser nós mesmos a pessoa mais
importante de nossas vidas. Não devemos
colocar ninguém na frente e, muito menos, esperar isso de alguém. Ninguém
estará lá sempre por mim ou por você. Exceto nós mesmos. Ninguém ama o objeto
tão magnanimamente a ponto de tirar de si próprio a energia que está
direcionando. Talvez as mães sejam as únicas, mas não todo o tempo. São elas
também humanas.
Um comentário:
ainda acredito em amores altruístas... e em colocar o outro na frente de nós mesmos... talvez eu seja boba, mas não consigo me imaginar vivendo de outra forma... ;)
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