08 novembro 2009

A volta dos Lanterninhas

Há algum tempo tenho tentado entender o que se passa nas salas de cinema de São Paulo. Que embotamento é esse para experimentar arte? Será que cinema ainda é arte? Equipamentos de som de 'última geração' (sucata alheia ou não sempre melhor ao que já tínhamos por aqui); poltronas mais espaçosas; IMAX; a maior tela da América Latina e tantas outras melhorias para tornar uma sessão de cinema uma experiência única (não era esse o conceito de arte? (cadê Adorno para criticar a indústria cultural nessas horas?)

Certo, acho que é exatamente isso que acontece. Uma experiência de auto- controle. De paciência. De animalidade. Sim, porque é exatamente essa impressão que tenho tido ao assistir filmes nas mais diferentes salas de cinema.

A primeira tentativa foi O Anticristo no Shoping Bourbon (Unibanco). Filme de Lars dá para imaginar o sofrimento não dá? Pois é. Acho que ele mudou o estilo para comédia e eu não consegui entender. Afinal, a cada tomada sobre o anticristo que temos dentro de nós algumas pessoas riam copiosamente. E foi assim o filme todo. Conversando com a gerente do cinema a justificativa foi que tinha gente de todo tipo ali. E não é assim o mundo? Gente de todo tipo? Estou sem entender até agora. Claro que fiz uma sugestão/ reclamação (era a segunda vez que via um filme dramático com as pessoas gritando e rindo. Alguém entende as pessoas ficarem rindo da miséria humana? O outro filme foi o tenso Salve Geral). Sugeri os famosos 'lanterninhas'. Ninguém me respondeu.

A segunda vez foi no Shopping Vila-Lobos. Agora, Cinemark. Dessa vez para ver O Contador de Histórias. Mais uma vez um bando de adolescentes (esse deve ser o coletivo para a maioria dos adolescentes- BANDO) que riam da ingenuidade da simpática e otimista Maria de Medeiros de Margherit Duvas.

Então percebi qual seria o provável problema. Salas de cinema dentro de shoppings Center. Essa semana fui assistir curioso Deixe ela Entrar. Dessa vez no Espaço Unibanco. As pessoas não gritavam... muito. Mas, como nada é perfeito o filme foi projetado na decadente sala 4. Cheiro de mofo, cadeiras esgarçadas, áudio descompensado e gente entrando atrasada, e passando na frente de quem chegou no horário sem a menor cerimônia.

Fui eu que fiquei rabugento ou as pessoas têm cada vez mais noção sobre os limites espaço público?

Nenhum comentário: