24 janeiro 2009

Paixão segundo RL

"Não. Sei que ainda não estou sentindo livremente, que de novo penso porque tenho por objetivo achar - e que por segurança chamarei de achar o momento em que encontrar um meio de saída. Por que não tenho coragem de apenas achar um meio de entrada? Oh, sei que entrei, sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o quê." - Clarice Lispector

Um final de desfile de moda. Um término de vida em roda. Depois de horas e quartos de horas, minutos e centésimos de segundos onde tudo muda, em um rompante de insanidade, coloquei porta a fora o meu amor. Um amor que eu chamava DE, mas, sequer sabia aonde iria me levar. Tal qual na paixão segundo G.H., perdi a terceira perna do tripé que me sustentava. Apenas no hoje que se fará ontem, cambaleando, sai a andar ao redor de minhas únicas duas pernas e pés na esperança de chegar a algum lugar. Lugar que me acariciasse.

Dois ou três passos passados e, caí no cimento duro. Levantei-me para esgueirar-me até uma taça de vinho sôfrego que restou do último jantar para re-encantar o teor etílico que dá o certificado para o sofrer. O último vinho. A última garrafa. E pensar que amanhã seriam pisadas uvas que fariam novos vinhos...



Vinhos, amores, jantares, paixões- o jogo. Quando o amor é um jogo, alguém sempre sai perdendo. Quando é passatempo, alguém acaba enjoando. Quando é um não-sei-o-quê... vislumbramos que poderíamos ter sido felizes. E seríamos? Fomos? Seremos? Reverberações de um coração embriagado que pede às pernas apenas mais alguns passos até o leito. Às plumas de ganso, penas enfim, darão o conforto e a carícia para acordar para uma nova montagem humana.

Um comentário:

Tally M. disse...

quem poderá dizer que sempre foi feliz?
bjoca