1/09/2025 22:50
A cada onda cortada pelo navio sinto como se meu coração tentasse escapar pelo peito.
Prendo o ar. Percebo e exalo para tentar acalmar.
Imagino o metal que compõe a base do barco cortando o oceano. O frio que deve sentir. A tristeza por estar sozinho. Como se o inanimado tomasse a vida com todo o seu silêncio rompido pelo rufar do corte das moléculas de oxigênio na água. Por perto nem orcas, nem baleias. Apenas a imensidão da água fria. Gélida.
Estaria a Deusa Arnakuagsak (Sedna) do povo Inuit acompanhando o barco e incomodada pela invasão em suas águas?
Ou estaria ela guardando ao longe e protegendo a embarcação repleta de animaizinhos que andam sob duas patas?
Solto o ar pois pareço sufocar. Em seguida respiro novamente para tentar me controlar.
Cadê o sol? Ele desistiu de nos acompanhar? Porque não vejo a lua?
Quanta solidão há no frio.
Saudades do meu Brasil.