25 setembro 2012

CARDÁPIO DO DIA: Amelie e os contos de fadas existem


De “nunca se apaixone por um trapezista, pois quando menos esperar estará em baixo dele” à “seu coração não é de vidro, então quebre a cara”, Amelie Poulain deixa de fugir de encarar a realidade para saber exatamente o que quer. E não é o que todos nós, sonhadores queremos?

Um cacoete, um ritual, uma mania. De uma forma ou de outra, todos somos seres idiossincrásicos, pelo menos quem chegou até aqui.
Arrumar a bagunça dos outros ou criar laços? Essa é grande centelha que distancia Amelie de Pollyana – uma menina ingênua quase infantil para sempre.

Amelie não. Não faz o Jogo do Contente. Isso pode funcionar em a Vida é Bela, não em um Fabuloso Destino. Guido quer sobreviver e abrandar os olhos de seu filho, Giosuè, Amelie quer encontrar e compartilhar o Amor.

Quantas vezes sabemos o que realmente queremos na vida? Não é fácil escolher ser feliz – e não ouse rebater que felicidade é um momento, não um caminho. Somos categoricamente marcados pelo sentimento castrador que, um dia, imaginaram necessário para vivermos em sociedade.

Culpa, medo, castigo, céu e inferno são palavras cunhadas por quem não conseguiu explicar o que é o amor, o que é felicidade. Não é um amor romântico que definha tão logo o colágeno se esvai. É viver o amor.

E quem arrisca dizer que amor é esse? Justamente nossa vontade de sermos reconhecidos em vida, após a morte, termos uma história digna de ser narrada. Queremos um Fabuloso Destino. Para isso, precisamos de amor-Próprio.

Muitas vezes eu me pego imaginando o que quero que aconteça. E o que eu quero? Voar por entre prédios, segurar um meteoro que pretende colidir com a Terra e destruir tudo que eu acho bonito aqui, pilotar um caça soltando comida e aparelhos tecnológicos para povos menos favorecidos economicamente pela África (afinal, me encanto com essas quinquilharias). Jamais imagino colidir em uma torre, pulverizar agente laranja ou napalm. Confesso, tenho vontade de enfiar juízo na cabeça de alguns grupos religiosos, mas o que seria da dialética sem eles?

O fato é, não percamos tempo imaginando uma vida que não seja extraordinária. Vamos devolver ao mundo apenas as coisas magníficas que recebemos. E o que nos fizeram de ruim? Ahm, mas o que é ruim mesmo? Tenho preferido não me prender a isso.

O que fica é embarcar nesta fabulosa jornada e entender que a brevidade da vida se limita à grandeza do amor a ela. Agora sim, a única lição religiosa que realmente deve ser levada à cabo: “ame o próximo como a ti mesmo” – e não pode se amor pouco hein.